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SBPC promove debate sobre a “era multipolar” e o papel do Brasil nesta nova configuração política e econômica mundial

16 de julho de 2025
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Algumas das cabeças pensantes mais inquietantes da atualidade se juntaram na última terça-feira, 15, no Salão Nobre da Reitoria da UFRPE, onde ocorre a 77ª Reunião Anual da SBPC, para discutir o tema “Da Ordem Unipolar à Nova Era Multipolar”.

O economista Elias Jabour, o jornalista Luís Nassif, o professor Renato Janine Ribeiro, o ex-ministro Sérgio Machado Rezende, além do secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luís Fernandes, puderam trazer um pouco de conhecimento para o público  sobre o que é a nova era global, como ela surge e qual o papel do Brasil nessa nova configuração política e econômica do mundo

O assunto, num contexto mais geral, tem causado importantes reflexões, principalmente tendo em vista o uso do poder econômico do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com as recentes imposições de taxações sobre os produtos de diversos países.

Em síntese, o debate girou em torno de como o mundo passou da realidade da Guerra Fria para uma era unipolar — dominada exclusivamente pelos Estados Unidos após o fim da União Soviética — e, mais recentemente, para a configuração multipolar em que vivemos hoje, com diversos atores disputando poder e influência no cenário internacional.

De Bretton Woods ao declínio do Império Americano

Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo entrou em uma nova ordem econômica com os Acordos de Bretton Woods (1944), que consolidaram o dólar como a moeda central do sistema financeiro internacional, inicialmente lastreado no ouro. Essa dolarização garantiu aos Estados Unidos hegemonia econômica e geopolítica por décadas.

Durante a Guerra Fria, o sistema internacional foi bipolar, dividido entre os blocos liderados pelos EUA e pela União Soviética. Com a queda da URSS, em 1991, os EUA emergiram como potência hegemônica incontestável, inaugurando a era unipolar.

Ciência e conhecimento como motores do desenvolvimento

O professor Sérgio Rezende destacou como o progresso das nações mais desenvolvidas está profundamente vinculado ao investimento contínuo em ciência, educação e tecnologia.

Rezende citou os exemplos dos Estados Unidos, da União Soviética e da China. Nos EUA, essa trajetória teve início com a fundação de Harvard, em 1636, e consolidou-se ao longo dos séculos com a criação de universidades e centros de pesquisa que impulsionaram inovações e garantiram a liderança global do país, especialmente após a Segunda Guerra Mundial.

Durante a Guerra Fria, a União Soviética utilizou a ciência como instrumento estratégico de desenvolvimento e de disputa internacional, como ficou evidente com o lançamento do satélite Sputnik. Já a China, mais recentemente, tem demonstrado como o investimento em conhecimento pode reposicionar uma nação: com forte apoio à pesquisa e inovação, tornou-se líder em áreas como inteligência artificial, energia limpa e biotecnologia, consolidando seu papel de destaque na economia e na geopolítica mundial.

Ascenção da ordem multipolar

Nas últimas décadas, entretanto, temos assistido à erosão dessa hegemonia e à ascensão de uma ordem multipolar. A China se consolidou como a segunda maior economia do mundo, expandindo sua influência por meio da Iniciativa do Cinturão e Rota e do fortalecimento do yuan em transações internacionais. A Rússia, por sua vez, retomou protagonismo militar e energético, especialmente após 2014, com a anexação da Crimeia e, mais recentemente, com a guerra na Ucrânia.

Nesse mesmo movimento, os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã) têm buscado alternativas à hegemonia do dólar, promovendo acordos bilaterais e multilaterais em moedas locais e discutindo a criação de uma moeda comum para o comércio entre os membros.

Essa transformação ganha novos contornos até mesmo com a popularização das criptomoedas, que, apesar de enfrentarem resistência institucional, vêm sendo incorporadas até por líderes como Donald Trump — que passou a aceitar doações em criptoativos — desafiando o sistema monetário tradicional baseado no dólar, a própria moeda de seu país.

Qual é o papel do Brasil nessa nova configuração?

Para Elias Jabour, historicamente o Brasil cresce a partir de tendências que vêm de fora. “JK, por exemplo, construiu seu plano de metas baseado na vinda do capital americano para o Brasil, na tendência do automóvel”. 

“Aquela era a tendência histórica. Hoje, ela é de integração produtiva total com a China. Essa tendência pode abrir uma janela imensa para a nossa reindustrialização. Mas ela não pode se limitar ao que está sendo negociado entre os dois países. É preciso ter sofisticação estratégica para elaborar o nosso futuro”, afirmou Elias.

Luís Nassif corrobora a visão de Jabour. “JK, quando define seu plano de metas, exige que as indústrias automobilísticas que queiram vir para o Brasil tenham, na empresa principal, capital brasileiro. As indústrias de autopeças precisavam ser brasileiras. Quando olhamos para a BYD, vemos isenção, mas ainda não há uma contrapartida clara para o Brasil”, pontuou.

Os debatedores em suas exposições mostraram que o mundo, assim, tem caminhado para uma ordem multipolar e multidimensional, onde já não existe um único centro de poder, mas uma disputa aberta entre potências, blocos econômicos, sistemas financeiros alternativos e tecnologias descentralizadas.

 

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