A mesa redonda Adaptações às Mudanças Climáticas — Soluções Baseadas na Natureza reuniu pesquisadores de diversas instituições amazônicas para discutir desafios, impactos e propostas na Casa da Ciência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), na segunda-feira (17), em Belém (PA). O debate girou em torno da pergunta: Quais são os maiores desafios da adaptação climática e quais soluções baseadas na natureza podem ser aplicadas?
Os especialistas apresentaram experiências e evidências que mostram como ciência, políticas públicas e engajamento comunitário precisam atuar de forma integrada para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas na Amazônia.
O pesquisador Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), unidade de pesquisa vinculada ao MCTI, Jean Ometto, destacou a necessidade de mecanismos capazes de mensurar riscos e orientar gestores na tomada de decisões. “O sistema está submetido a pressões crescentes, então avançamos no desenvolvimento de uma plataforma que identifica níveis de risco e apoia gestores locais na definição de medidas de adaptação”, explicou.
Já pesquisador do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, organização social vinculada ao MCTI, Ayan Fleischmann ressaltou desafios urgentes vividos por populações ribeirinhas e a necessidade de políticas públicas que deem escala às soluções locais. “Os impactos são múltiplos: acesso à saúde, educação, saneamento e alimentação. Esse são problemas históricos agravados pela seca extrema”, avaliou. O instituto elaborou, junto com mais de 50 lideranças da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, uma série de propostas concretas para enfrentar esses desafios.
A pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Fernanda Werneck também participou da mesa redonda e apresentou resultados de estudos com anfíbios e répteis que revelam riscos de extinção local. A causa é o aumento das temperaturas, o que reforça a importância da biodiversidade como ferramenta de adaptação. “Usamos informações sobre a fisiologia das espécies e dados genômicos sobre adaptação local — isso torna as projeções menos pessimistas. Os resultados, porém, mostram que várias espécies já ultrapassam limites críticos de tolerância térmica, indicando riscos de extinção local”, destacou. Segundo ela, quando se pensa em soluções baseadas na biodiversidade, é preciso considerar essa diversidade de mecanismos e os impactos para orientar políticas públicas e ações de conservação.
Também participaram do debate o coordenador do Observatório Regional Amazônico da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Arnaldo Carneiro, e o professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará (UFPA) Everaldo Souza.
Casa da Ciência
A Casa da Ciência do MCTI, no Museu Paraense Emílio Goeldi, é um espaço de divulgação científica, com foco em soluções climáticas e sustentabilidade, além de ser um ponto de encontro de pesquisadores, gestores públicos, estudantes e sociedade. Até o dia 21, ela será a sede simbólica do ministério e terá exposições, rodas de conversa, oficinas, lançamentos e atividades interativas voltadas ao público geral. Veja a programação completa.