A Casa da Ciência sediou na terça-feira (18) a mesa redonda A Biodiversidade no Desenvolvimento da Bioeconomia, dando continuidade ao ciclo de debates promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30). O encontro foi moderado pelo gerente do Departamento de Indústria de Base e Extrativa Sustentáveis da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Henrique Vasquez, e reuniu especialistas que atuam diretamente em cadeias produtivas ligadas à sociobiodiversidade.
Participaram da mesa a diretora de Manejo e Desenvolvimento do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Davila Correa; o professor associado do Instituto de Ciências Aplicadas da UFPA, Danilo Fernandes; e o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental Roberto Porro.
Representando o Instituto Mamirauá, organização social vinculada ao MCTI há 26 anos, Davila Correa destacou o papel do conhecimento tradicional e das práticas territoriais na construção de uma bioeconomia que respeite as dinâmicas locais. Ela ressaltou a trajetória do trabalho no Médio Solimões e a importância de enxergar a Amazônia a partir de quem vive nela. “Minha fala vai ser tentando dialogar e fazer reflexões sobre recentralizar a Amazônia, entender os modos de vida locais e como as populações absorvem, respondem, convergem ou resistem às transformações econômicas, ambientais e políticas”, afirmou.
Socioeconomia e bioeconomias inclusivas
O pesquisador Roberto Porro, da Embrapa Amazônia Oriental, reforçou a importância de modelos de bioeconomia que integrem sustentabilidade, justiça social e valorização do conhecimento tradicional. Ele destacou o conceito de socioeconomia, no qual o uso sustentável da biodiversidade se baseia no diálogo entre saberes tradicionais e conhecimentos científicos e tecnológicos.
Segundo Porro, essas bioeconomias inclusivas resultam do protagonismo de povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares, fortalecendo o desenvolvimento local e regional. Em sua exposição, o pesquisador apresentou um recorte do estudo que analisa notificações no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SisGen), com ênfase na proteção do conhecimento tradicional associado. “As ações em bioeconomia devem resguardar os direitos locais de propriedade intelectual, prevenindo a apropriação indevida do conhecimento tradicional para agregar valor aos produtos sem o devido reconhecimento”, explicou.
Casa da Ciência
A Casa da Ciência do MCTI, no Museu Paraense Emílio Goeldi, é um espaço de divulgação científica, com foco em soluções climáticas e sustentabilidade, além de ser um ponto de encontro de pesquisadores, gestores públicos, estudantes e sociedade. Até o dia 21, ela será a sede simbólica do ministério e terá exposições, rodas de conversa, oficinas, lançamentos e atividades interativas voltadas ao público geral. Veja a programação completa.