A Casa da Ciência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em Belém (PA), recebeu, nesse domingo (16), as delegações da União Europeia e da Federação Russa para a apresentação de políticas, programas e estratégias da pasta federal voltadas à Amazônia. O encontro reforçou o papel da ciência brasileira no monitoramento, na conservação e no desenvolvimento sustentável da região.
O evento reuniu representantes do Comitê de Conselhos Econômicos e Sociais da União Europeia (Cese) e da Câmara Cívica da Federação Russa, que vieram conhecer de perto a produção científica brasileira e o papel das instituições amazônicas na formulação de políticas públicas.
A secretária de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, Andrea Latgé, apresentou iniciativas prioritárias para a Amazônia, incluindo ações de pesquisa, monitoramento ambiental e cooperação científica internacional. “Foi uma oportunidade de apresentar todas as ações que estamos desenvolvendo na região amazônica por meio dos nossos institutos, que têm desempenhado um papel cada vez mais relevante. Mostramos os esforços em pesquisa, desenvolvimento, tecnologia social e ferramentas inovadoras que nos permitem conhecer melhor a Amazônia”, disse. A secretária ainda destacou os Programa Pró-Amazônia, o Sirius, o laboratório de biossegurança Orion, o AmazonFace, além das iniciativas em inovação, cooperação internacional e inteligência artificial que reforçam o protagonismo do Brasil em ciência e tecnologia.
Para a coordenadora de pós-graduação do Museu Paraense Emílio Goeldi, Marlúcia Martins, não é possível encontrar soluções climáticas sem a ciência, e não é possível fazer ciência sem os povos da floresta. “Então, estamos nessa conexão com os povos da floresta e também dando ressonância a essas vozes”, explicou a professora.
A coordenadora especial da Amazônia do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), Alessandra Gomes, reforçou a importância de ampliar o trabalho integrado das instituições científicas da região. O Inpe atua como um hub de informação na Amazônia, reunindo acordos com diversas instituições e com a Agência Espacial Europeia para apoiar a geração e a disseminação de dados científicos na região. “Também é preciso considerar que ele é um eixo essencial para a formação de especialistas locais, algo decisivo para fortalecer projetos em áreas como mudanças climáticas, monitoramento florestal e novas tecnologias”, enfatizou.
O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Henrique Pereira, chamou a atenção para o fato de que a ciência amazônica é fundamental para o futuro climático e social do planeta. “A comunidade científica da Amazônia está preparada para contribuir de forma decisiva para acelerar a implementação do Acordo de Paris. Não existe realidade climática possível sem justiça social, nem justiça social sem ciência. E não existe ciência brasileira sem a Amazônia”, destacou.
O diretor técnico-científico do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Emiliano Esterci Ramalho, destacou projetos de conservação, manejo sustentável e participação comunitária desenvolvidos pela instituição. “A Reserva Mamirauá é um marco na história da conservação da Amazônia, por ter inaugurado o modelo de Reserva de Desenvolvimento Sustentável no Brasil. Na época de sua criação, prevalecia a ideia de que proteger a floresta significava retirar as populações locais. Mamirauá rompeu esse paradigma ao demonstrar que é possível conservar a biodiversidade com a participação ativa das comunidades”, esclareceu.
Após o encontro, as delegações percorreram as exposições científicas do Museu Goeldi. A reunião integrou a programação da COP30 na Casa da Ciência em Belém e fortaleceu o diálogo com parceiros internacionais interessados em conhecer o esforço científico do Brasil para o enfrentamento das mudanças climáticas e a promoção do desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Casa da Ciência
A Casa da Ciência do MCTI, no Museu Paraense Emílio Goeldi, é um espaço de divulgação científica, com foco em soluções climáticas e sustentabilidade, além de ser um ponto de encontro de pesquisadores, gestores públicos, estudantes e sociedade. Até o dia 21, ela será a sede simbólica do ministério e terá exposições, rodas de conversa, oficinas, lançamentos e atividades interativas voltadas ao público geral. Veja a programação completa.