A 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada nesta semana, trouxe à tona um dos temas mais urgentes do cenário contemporâneo: a desordem informacional e seus efeitos nocivos sobre a sociedade. Na roda de diálogos intitulada “Desordem Informacional e seus Impactos Negativos na Sociedade: os Caminhos da Ciência para a Integridade da Informação”, especialistas debateram os desafios atuais e os caminhos possíveis para garantir o acesso a informações confiáveis.
A mesa contou com a participação de importantes nomes da área como o diretor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Tiago Braga; o diretor do Departamento de Projetos e Políticas de Direitos Coletivos e Difusos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (DPPDD/MJSP), Vitor Guimarães; a professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Janaína Leite; e os pesquisadores do Ibict, João Bastos, Ana Regina Rêgo e Luís Rosa.
Em comum, a preocupação com a propagação de conteúdos distorcidos sobre ciência nas redes sociais, muitos deles com forte cunho negacionista. Foi ressaltado como as Big Techs operam sem compromisso com a veracidade das informações que circulam em suas plataformas, priorizando algoritmos que favorecem o engajamento, mesmo que à custa da verdade. Em contraponto, pesquisadores e especialistas têm se dedicado à coleta e análise de dados sobre o comportamento dos usuários nessas plataformas, com o objetivo de compreender a dinâmica da desinformação e desenvolver estratégias que fortaleçam a integridade da informação científica.
O diretor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Tiago Braga, abriu a conversa, falando sobre a promoção da integridade da informação. Segundo ele, a missão institucional do Ibict é fortalecer a competência e a infraestrutura necessárias para que a ciência e a tecnologia brasileiras possam produzir, socializar e integrar o conhecimento de forma ética e segura.
Braga reforçou a importância da ciência como ferramenta estratégica para a formulação de políticas públicas e apoio à tomada de decisão por gestores. Apontou ainda ações concretas do instituto voltadas à construção de uma infraestrutura pública de coleta, depósito e compartilhamento de dados, fundamentais para enfrentar os efeitos da desinformação.
Ao longo da roda de diálogos, os especialistas abordaram a necessidade de maior investimento do poder público na valorização da ciência e na promoção da informação verdadeira. Foram unânimes ao apontar o impacto negativo da monetização da desinformação pelas Big Techs, que lucram com a viralização de conteúdos enganosos e polarizantes.